FIGURAS NOTÁVEIS E FASCINANTES DA ESCRITA NACIONAL
JÚLIO DINIS, pseudónimo de Joaquim Guilherme Gomes Coelho (1839-1871), nasceu no Porto e foi entre esta cidade, Ovar e o Douro que passou grande parte da sua vida.
Tirou o curso de medicina na Escola Médica do Porto, aliando a profissão de médico à de escritor. Os seus primeiros textos foram publicados em A Grinalda e em O Jornal do Comércio.
De uma família de tuberculosos (a mãe e os irmãos morreram com essa doença), Júlio Dinis contrai também a doença e parte numa cura para a Madeira, cura esta que de pouco lhe valeu, falecendo ainda muito novo. Obras: As Pupilas do Senhor Reitor (1867), Uma Família Inglesa (1868), Serões da Província (1870), Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871), Poesias (1873) e Teatro Inédito (3 volumes – 1946-1947).
EÇA DE QUEIRÓS era originário da burguesia culta, filho de um magistrado, mas fora do casamento legal. Este facto levou a que fosse afastado dos pais desde tenra idade (estes apenas se casaram por volta de 1849-50).
1855 - Cerca dos 10 anos frequenta o Colégio da Lapa, no Porto, cujo director era pai de Ramalho Ortigão e, simultâneamente, seu professor de francês.
1861 - Matricula-se na Faculdade de Direito de Coimbra. Aí conviveu com Antero de Quental apesar de não ter tomado parte activa na Questão Coimbrã (1865-66).
Só quase no fim do curso se estreia como escritor, em folhetins intitulados "Notas Marginais" na Gazeta de Portugal que pela novidade literária não foram muito bem recebidas pelo público, que não se encontrava preparado para o novo estilo praticado pelo autor.
Estes folhetins foram postumamente seleccionados e compilados nas "Prosas Bárbaras".
1866 - Forma-se em Direito.
1867 - Após a abertura do seu escritório de advocacia em Lisboa, aceita a redacção de um jornal eborense, o Distrito de Évora.
1869 - Visita o Oriente com o objectivo de assistir à inauguração do Canal do Suez, registando as suas impressões de viagem influenciado, aliás, por outros escritores que cultivavam esse género literário.
Estas notas de viagem foram postumamente publicadas no "Egito".
1870 - Este ano revela-se profícuo para o escritor.
Publica em folhetins no jornal Diário de Notícias, em colaboração com Ramalho Ortigão, o "Mistério da Estrada de Sintra", lançando igualmente de parceria com o mesmo autor "As Farpas".
Profissionalmente, é nomeado para o cargo de administrador do Concelho de Leiria.
1871 - Participa nas Conferências do Casino (12.6.1871), apresentando um estudo sobre "O realismo como nova expressão de arte".
Dentro da linha definida nesse estudo, é em Leiria que dá inicio à redacção de "O crime do Padre Amaro", analisando a sociedade portuguesa, focando principalmente o clero e a pequena burguesia dos meios provincianos.
1872 - Como concorrera à carreira diplomática, vê-se obrigado a deixar o meio intelectual português, sendo colocado em Havana.
1874 - É transferido para Newcastle.
1878 - É transferido para Bristol.
É na Inglaterra que redige "O Primo Basílio" descrevendo a média burguesia Lisboeta, seus vícios e hábitos. Em "A Capital" é a classe liberal o alvo do seu humor irónico.
Entretanto, da sua pena vão saindo outras obras de teor diferenciado como "O Mandarim" (1880) e "A Relíquia" (1884) e alguns comentários sobre a vida política mundial - "Cartas de Inglaterra", "Cartas de Londres" - imbuídos de um tom satírico e sagaz, publicados em jornais portugueses e brasileiros da época.
1886- Casa com Emília de castro, irmã do 5º Conde de Resende, seu amigo e companheiro na viagem realizada ao Oriente em 1869.
1888 - É transferido para Paris onde revela aquela que é por muitos considerada a sua obra-prima, "Os Maias", em que retrata a aristocracia e a alta-sociedade lisboeta.
1889- É nomeado consul de Portugal em Paris.
Em plena Belle Époque, envia da cidade das Luzes para Portugal e Brasil, os seus "Bilhetes de Paris", "Cartas Familiares" e "Ecos de Paris".
1889-1892 Dirige a Revista de Portugal, recriando a figura de Fradique Mendes, que na sua "Correspondência" revela um requintado cepticismo crítico.
Surge então uma nova fase da sua produção literária, revelada nas obras postumamente editadas:
"A Ilustre Casa de Ramirez" (1900)
"A Cidade e as Serras" (1901)
"Contos" (1902)
Ao morrer em Paris, na sua casa de Neuilly, Eça de Queirós tinha-se tornado um dos nossos mais brilhantes escritores, sendo a ironia a marca constante da sua obra literária.
Os seus romances são portadores de um realismo corrosivo, impregnado de uma espectacular, e para a época, inovadora arte narrativa, revelando um humor caricatural que se mantém sempre actual.
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